Tão perto da vista, Tão longe dos corações…

Tão perto da vista, Tão longe dos corações…

 

 

Tão perto da vista,
Tão longe dos corações…

          A vontade aperta, a ansiedade corrói, o desejo maltrata e a revolta queima lentamente dentro de mim. Vontade de partir e ver partir os que querem partir, e venham para ficar. Revolta em dizer o que já foi dito e nada foi feito. Mas pra quê? Se tudo dá na mesma. Todos querem atirar pedradas, mas ninguém consegue fazer nada. Algo que não se compreende e nem muito menos se entende. Talvez pergunto? É a ironia do destino ou a vontade dos homens? Nem os espíritos mais iluminados conseguem explicar a pacatez, a agonia, a morosidade, e acima de tudo a evasão forçada que vem se assistindo nas últimas décadas.
          Tudo por culpa única e exclusiva do vento; que levou e não trouxe, que não soprou aos ouvidos dos decisores, que fez vendaval onde não deveria ter feito.
          Creio que já disse mais do que deveria. Mas mesmo assim não se resolve o que é mais premente. Visto que ficamos numa guerra de palavras, onde as coisas não atam nem desatam. Todos têm razão, mas ninguém tem visão para observar que o povo é o sofredor.
          O conformismo, a mediocridade, o bater das ondas já tomaram conta da gente. Esta é a música que repetidas vezes toda a gente canta, e qualquer criança da mais tenra idade sabe as letras de cor e conhece as notas salteadas.
          Urge mais do que nunca que aqui tem gente. Gente de todos os tipos e feitios; pois, tem gente: que vem, que fica, que vai e não volta nunca mais, que tem vontade de vir pra ficar. Ó! Esqueci dos que nunca vieram e dos que cá estão que não viram o que poderiam ter visto.
          Termino rendido aos dois maiores músicos, intérpretes/compositores desta morabeza espalhada no Oceano Atlântico; “Ken ki dabu es kastigu ki bu fika paradu na tempu” Bituka.
          Carlos Cabral